Capítulo 1
A conduta daquele que teme a D’us e sua recompensa
O Rei David, no Salmo 128, descreve-nos qual deve ser a conduta de um homem temente a D’us: “Sua esposa é como uma videira fértil no canto de seu lar e seus filhos como ramos de oliveira em volta de sua mesa” (Salmos 128). Rabênu Bachyê, um grande sábio que viveu há 700 anos atrás, explica este versículo em seu livro (Midrash Rabênu Bachyê, Parashat Bereshit 34:11):
Este versículo fala sobre a mulher que está em seu período de impureza, quando vê sangue. Por isso o versículo diz “sua esposa é como uma videira fértil”: quando ela vê sangue vermelho como uma videira fértil, deve permanecer no “canto”, ou seja: afastada de seu marido. A palavra “sua esposa”, em hebraico, é “ishtechá”. Neste versículo, no entanto, está escrito “eshtechá”, como se estivesse falando de “esh”, fogo, pois o marido se distancia dela fisicamente como se distancia do fogo. Obviamente que o versículo só está falando de distanciamento físico, mas nunca da falta de educação, afabilidade e boas virtudes entre os dois; nestes quesitos, o casal nunca deve se distanciar. O versículo termina dizendo: qual é a grande recompensa do casal que se comporta assim? “Seus filhos serão como ramos de oliveira em volta de sua mesa”, ou seja: seus filhos serão dignos e importantes como a oliveira, sem defeito algum.
Trechos de nossos Sábios sobre Pureza Familiar
“Disse Rabi Zeira: as filhas de Israel são muito rigorosas: mesmo se vêem uma gota de sangue do tamanho de uma semente de mostarda, contam sete dias limpos”.
“Estudaram na escola de Rabi Eliyáhu: todo aquele que estuda halachot (leis) todo dia, é-lhe garantido que ele merece o Olám Habá (mundo vindouro)…” (Nidá 73).
Como a Guemará traz este dito justamente depois das leis de pureza familiar, significa que é preciso estudar e revisar as leis de pureza familiar mais do que qualquer outro estudo.
Assim escreveu o Ramban nas leis de nidá (cap. 6 halachá 15): “As filhas de Israel precisam tomar muito cuidado nos cálculos de vessatot (dias prováveis em que terão sua menstruação) e suas leis”. De fato, calcular corretamente os dias prováveis da menstruação e abster-se de relações nestes dias é a parte das leis de Nidá que mais precisa de estudo. Rabi Yaacov de Lissa (o Chavat Dáat) escreveu em seu testamento (letra hê): “Ao se casarem, é preciso estudar as leis de vessatot e nidá até ficarem extremamente peritos nelas. Este estudo deve preceder outros estudos profundos”.
“Disse Rabi Chalafta: bem afortunada é ela, bem afortunada é aquela que lhe deu à luz, bem afortunado é seu marido e bem afortunada é a família de toda mulher que toma o devido cuidado” (Baraita Nidá cap. 1, halachá 1).
“‘Sua cabeça brilha como uma gema real, Seus cachos pendem ondulados, negros como o corvo’ (Cântico dos Cânticos 5:11). Negros como o corvo: estes são os trechos da Torá. Mesmo que pareçam feios e negros para serem ditos em público (devido ao grande esforço que é preciso despender na Torá), como as leis sobre zivá (fluxos), negaim (males), nidá (menstruação) e yoledet (parturiente), diz D’us: elas são muito agradáveis para Mim, como está escrito: ‘A oferenda de Jerusalém será agradável perante D’us’. Saiba que assim é; afinal, o trecho de zav e zavá (fluxos no homem e na mulher) não foram ditos de uma vez, mas cada um per si (ou seja, de tão queridas, estas leis foram divididas em dois trechos)”. (Vayikrá Rabá 19:3).
“Pela falta de cuidado cede o teto, e pela indolência goteja a casa” (Kohelet 10:18). Rabi Abahu explica este versículo como falando da mulher: uma mulher que tem preguiça de se cobrir como se deve – “cede o teto” – como está escrito: “Ele cometeu uma ofensa sexual com ela. Ele violou seu útero e ela revelou a fonte de seu sangue” (Vayikrá 20:18). “E pela indolência” – pelo fato de a mulher ter preguiça de fazer a inspeção interna no período certo – “goteja a casa” – ou seja, ela terá muito sangue. É isso que está escrito: “Uma mulher que tem um fluxo de sangue por muitos dias, quando não é tempo para seu período menstrual…” (Vayikrá Rabá 19:4).
D’us compara a impureza de Israel à impureza da mulher nidá, que se impurifica e se purifica novamente. Assim D’us purificará o Povo de Israel, como está escrito: “Jogarei sobre vocês águas puras e ficarão puros” (Yalkut Shimoni, final da parashá Metsorá).
“Por que D’us trouxe sobre os egípcios a praga de sangue? Porque não permitiam às filhas de Israel se purificarem no mikvê, para que o povo não se multiplicasse. É por isso que sua água transformou-se em sangue” (Shemot Rabá 9:10).
“Por que nossas matriarcas Sará e Rivcá mereceram ter a nuvem da Presença Divina sobre sua tenda? Porque tomavam muito cuidado, ao ficarem nidot, em se purificarem, pois a pureza leva ao Ruach Hacodesh” (Siftei Chachamim Bereshit 24:67).
Os versículos da Torá
Este capítulo é dedicado ao querido leitor ou à querida leitora que se perguntam: “Sei que a Torá é o manual de instruções de nossa vida. Por isso, gostaria de saber onde estão escritas as instruções que aparecem neste livrinho, as instruções de pureza familiar”. Portanto, vamos fazer uma pequena jornada até os versículos da Sagrada Torá que versam sobre o nosso assunto:
No livro de Vayikrá, capítulo 15, são trazidas algumas leis referentes à pureza (estado espiritual no qual se está apto a receber santidade) e impureza (estado espiritual no qual não se está apto a receber santidade). No versículo 19 consta: “Quando uma mulher tem um fluxo, sangue que emerge de seu corpo: por sete dias ela é então ritualmente impura por causa de sua menstruação, e qualquer um que tocar nela ficará impuro até a tarde”… “Se um homem tem relações com ela, sua impureza menstrual é transferida para ele, e ele ficará impuro por sete dias. Qualquer cama sobre a qual ele deita será impura”. “Se uma mulher tem um fluxo de sangue por muitos dias, quando não é tempo para seu período menstrual, ou se ela tem um fluxo logo após seu período, então enquanto ela tem este fluxo ela está impura, exatamente como quando tem o seu período”. “Quando a mulher está livre de seu fluxo, ela deve contar sete dias para si, e somente então ela pode se submeter à purificação”.
Até aqui vimos o capítulo 15, onde a Torá não escreveu com severidade, admoestações e punições.
Agora, olhemos o capítulo 18, onde a Torá repete as leis de Nidá numa linguagem mais severa: “D’us falou a Moisés, dizendo-lhe para falar aos israelitas e dizer-lhes: Eu sou D’us. Não sigam os modos do Egito onde vocês outrora viveram, nem de Canaan, aonde os estou trazendo. Não sigam quaisquer de seus costumes. Sigam Minhas leis e sejam cuidadosos para guardarem Meus decretos, pois Eu sou D’us, o Senhor de vocês. Guardem meus decretos e leis, uma vez que é somente guardando-os que uma pessoa pode viver (realmente). Eu sou D’us”. A partir daqui, a Torá cita todas as proibições sexuais como ter relações com a mãe, irmã, tia, etc. No versículo 19 consta: “Não se aproxime de uma mulher que está ritualmente impura devido à sua menstruação para descobrir sua nudez”.
Depois a Torá continua citando mais algumas proibições e termina com duras admoestações sobre todas elas: “Não se impurifiquem por qualquer um destes atos… Pois todo aquele que cometer uma destas perversões repugnantes, todas as pessoas envolvidas serão extirpadas espiritualmente do meio de seu povo. Guardem Minha instrução e não sigam quaisquer dos costumes pervertidos que foram mantidos antes de vocês chegarem, de modo que vocês não sejam impurificados por eles. Eu sou D’us, o Senhor de vocês”.
E aqueles que observam as leis da Pureza Familiar? A profecia de Yechezkel (Ezequiel 18:5) descreve os bons caminhos do justo e sua recompensa: “Mas se um homem for justo e fizer o que é correto, e não comer (oferendas pagãs) sobre as montanhas, não erguer seus olhos diante dos ídolos da Casa de Israel, não impurificar a mulher do próximo, não se aproximar de uma mulher na sua impureza e não enganar ninguém… andar nos Meus estatutos e guardar Meus preceitos verdadeiramente – é um homem justo e certamente viverá – diz D’us”.
Capítulo 2
Trechos do livro “Águas do Eden”
(gentileza do Mercaz Artsi Lemáan Taharat Hamishpachá)
Três Grupos de mitsvot da Torá
Em nossa Torá temos 613 mitsvot, divididas em três grupos:
1) Mishpatim 2) Edot 3) Chukim.
1) Mishpatim são as mitsvot morais cujo objetivo é criar uma sociedade justa, harmoniosa e que funcione. Exemplos: as proibições de matar, roubar, difamar, fofocar, mentir, enganar, cobrar juros, etc.
2) Edot são mitsvot simbólicas, que nos fazem lembrar da existência de D’us, como: oração, fé, as mitsvot da festa de Pêssach em lembrança ao Êxodo do Egito, a festa de Shavuot em lembrança à outorga da Torá, a festa de Sucot em lembrança às nuvens de glória que envolviam o povo de Israel no deserto, a observância do Shabat como testemunho da Criação do Mundo, e assim por diante.
3) Chukim são as mitsvot difíceis de serem compreendidas por nosso intelecto limitado, como: as leis da pureza familiar, as leis referentes à cashrut dos alimentos, shaatnez (mistura de lã e linho nas roupas) e outras mitsvot que são como decretos que temos que cumprir, mesmo que não entendamos sua razão.
Uma das mitsvot importantes deste grupo foi dada justamente às filhas de Israel. Isto porque a Torá dá um respeito especial para a mulher judia, como está escrito: “Diga à casa de Jacó” – refere-se às mulheres. Esta mitsvá é um chok, mesmo que tenha muitos motivos, pois sua maioria é oculta de nós. No entanto, o yêtser hará (a má inclinação) sempre encontra alguma rachadura e tenta impor dificuldades.
Esta é a razão por que esta mitsvá é tão desprezada e toda pessoa que não é forte em seu judaísmo logo a abandona.
Explicação da Gravidade do Pecado
A Torá cita 36 pecados pelos quais uma pessoa merece caret (extirpação espiritual, quando a alma da pessoa é cortada de sua raiz). Os mais famosos são comer chamêts em Pêssach, comer em Yom Kipur, ter relações proibidas e ter relações com a própria esposa quando ela está nidá, ou seja: sem imersão no mikvê após sete dias brancos, conforme exige a lei.
Se, por exemplo, oferecessem a uma pessoa uma quantia de dinheiro que cobrisse todas as suas despesas até o fim de sua vida, contanto que bebesse um copo d’água ao entardecer de Yom Kipur, ou que, na noite do Sêder, fizesse um sanduíche de maror com pão em vez de matsá, tenho certeza de que judeu algum jamais pensaria, nem por um instante sequer, fazer um ato tão baixo – vender sua fé e sua Torá por dinheiro.
No entanto, infelizmente, muitos daqueles que ficam o dia inteiro na sinagoga no Yom Kipur (e já vi aqueles que tomam cuidado para nem mesmo engolir a saliva) e mulheres tradicionais que começam a limpeza para Pêssach escrupulosamente a partir de Chanucá e entram em Pêssach com a casa brilhando, nem querem ouvir falar da mitsvá de Taharat Hamishpachá. Quando alguém começa a lhes explicar a importância das leis de pureza familiar, eles começam a explicar sua teoria: “Hoje temos jaccuzi e perfumaria moderna. Temos água cristalina que sai dos chuveiros em nossa casa, sendo que ir ao mikvê não passa de chassidut (um ato a mais de devoção)”… Que D’us os perdoe.
É preciso explicar a estas pessoas que a mitsvá de ter fé em D’us não recai somente sobre as edot e os mishpatim, mas também sobre os chukim, mesmo que, à primeira vista, não há motivos para esta mitsvá. Pelo contrário: é preciso cumprir esta mitsvá somente porque D’us ordenou e com plena fé, assim como o Povo de Israel disse, ao receber a Torá: “Faremos e entenderemos”, ou seja: queremos observar as mitsvot antes de recebermos uma explicação intelectual.
O que significa a punição de caret?
Quando um indivíduo comete um pecado propositadamente, existem duas possibilidades:
1) Houve testemunhas de seu ato, elas o admoestaram e, mesmo assim, ele cometeu o pecado. Neste caso, ele é julgado pelo tribunal rabínico e, dependendo da sentença, este indivíduo será punido ou até morto pelo tribunal. (Hoje em dia não temos mais este tribunal.)
2) Não houve testemunhas nem admoestação. Neste caso, a punição fica nas “mãos” de D’us. Em 36 casos, a punição descrita pela Torá é caret (extirpação espiritual).
O Ramban (Nachmânides), em seu livro Sháar Hagmul (60-66) e em seu comentário sobre a Torá (Vayikrá 18:29), conta três tipos diferentes de caret, de acordo com o nível espiritual daquele que pecou. O Ramban chama a nossa atenção ao fato de que os versículos que falam de caret não usam a mesma linguagem em todos os casos. Seguindo esta lógica e as palavras de nossos sábios, o Ramban chegou a esta conclusão.
Vamos seguir os passos do Ramban:
No livro de Shemot, capítulo 30, os versículos 22-33 falam sobre o óleo de unção. Moshê recebe a ordem de prepará-lo e ungir com ele a tenda do Santuário e os utensílios sagrados. No final do assunto, D’us lhe diz: “E para o povo de Israel diga: ‘Este será o óleo de unção sagrado para Mim por todas as gerações. Não o derramem sobre a pele de qualquer pessoa (não autorizada) e não o dupliquem com uma fórmula similar... Se uma pessoa misturar uma fórmula similar, ou o colocar sobre uma pessoa não autorizada, ela será extirpada espiritualmente de seu povo’”. A mesma linguagem é usada para aquele que mistura uma fórmula similar à do ketôret (incenso), no versículo 38.
Uma linguagem parecida é usada em relação ao pecado de oferecer sacrifícios fora do Santuário (Vayikrá 17:4): “Aquele homem será extirpado de dentro de seu povo”. Mais para frente, no versículo 8: “Aquele homem será extirpado de seu povo”.
Parece que este caret se refere ao corpo da pessoa.
Outro tipo de Caret
Mas temos uma outra linguajem, que demonstra outro tipo de caret. Por exemplo, em Bereshit (17:14): “O varão incurciso, cujo prepúcio não tenha sido circuncidado, terá sua alma extirpada de seu povo”… O caret, neste caso, recai sobre a alma, não o corpo.
O mesmo se dá com aquele que ingere chamêts em Pêssach (Shemot 12:19): “Se alguém comer alguma coisa levedada, sua alma será extirpada da comunidade de Israel”. O mesmo se dá com relações proibidas (Vayikrá 18:29): “As almas das pessoas envolvidas serão extirpadas espiritualmente”. Todas estas linguagens expressam a extirpação da alma.
A diferença entre os dois caret
O Ramban nos explica o que é extirpação do corpo, o que é extirpação da alma e do que isso depende: um indivíduo tsadik – ou seja, aquele que cumpre todas as mitsvot da Torá e toma cuidado para não cometer nenhuma transgressão – que uma vez foi dominado pelo desejo e acabou cometendo um pecado cuja punição é caret e não fez teshuvá (retorno), acaba sendo punido com o primeiro tipo de caret, ou seja: extirpação do corpo. Isso significa que não chegará à velhice e falecerá com pouca idade, ainda antes de completar sessenta anos. Já sua alma merece todo o quinhão que lhe é reservado no Mundo Vindouro e todo o bem que lhe é destinado pelos seus caminhos corretos perante D’us. Além disso, terá o mérito de se levantar quando tiver a ressurreição dos mortos. (A Guemará, no tratado de Moed Katan 28a conta sobre Rabi Yossef que, ao completar sessenta anos, fez uma refeição festiva, alegando: “Saí do risco de caret”.) Este é o caret reservado aos tsadikim.
No entanto, aquele que tem mais pecados que méritos (segundo o Ramban) e cometeu um pecado cuja punição é caret e não fez teshuvá (retorno), sua retificação é mais severa: caret da alma e não do corpo. Assim, um indivíduo como este pode ter longa vida, com tranquilidade e satisfação até a velhice, como diz o Rei Shelomô: “Às vezes, um ímpio persiste longamente em seu mal” (Cohelet 7); no entanto, logo depois de seu falecimento, sua alma é extirpada do mundo das almas e ele não toma parte no Mundo Vindouro nem na ressurreição dos mortos.
A descendência de alguém extirpado
O Ramban ainda diz que, neste caso, pode ser que mesmo sua descendência seja extirpada do mundo das almas, D’us não o permita, pois todas as almas de sua descendência dependem dele. É como uma árvore cheia de flores e frutos: se a árvore for arrancada com as raízes, mesmo as flores e as frutas secarão e se perderão, pois todas têm a mesma raiz.
Assim, todo aquele que tem um pouco de temor a D’us e aprende estes conceitos, com certeza terá medo de não cumprir as leis de pureza familiar e cair no pecado de Nidá, cuja retificação é caret, como já vimos acima. E quem é que pode garantir que é limpo e tsadik e todos os seus caminhos são corretos perante D’us?
Quanto àquele que caiu neste pecado amargo, principalmente se foi muitas vezes, o que poderá alegar no dia do julgamento?
Nem tudo está perdido
Contudo, a teshuvá (o retorno) cura todos os males. Entendendo a severidade deste pecado, a pessoa imediatamente o abandonará e se arrependerá muito pelo que fez. Confessará seu pecado diante de D’us e assumirá nunca mais repeti-lo. Bem aventurada é esta pessoa que, com um pouco de esforço, logra se santificar e purificar sua alma, trazendo sua alma e a alma de seus descendentes à raiz da vida. O nível desta pessoa (o Báal Teshuvá) é tão elevado que nem mesmo tsadikim plenos chegam a este nível.
Quão maravilhosas e animadoras são as palavras do Rambam (Maimônides) nas Leis de Teshuvá (7:6): “A teshuvá aproxima os afastados. Ontem, este indivíduo era odiado por D’us, afastado e abominado; hoje, ele é amado, querido, próximo e amigo”.
Todas estas vantagens espirituais somam-se às grandes vantagens em outras áreas, como no plano médico, social e outros, trazidos detalhadamente no livro.
O terceiro tipo de caret
Até agora, aprendemos sobre dois tipos de caret. Como dissemos, há um terceiro tipo de caret, que é o mais severo de todos e relacionado aos piores pecados, como pessoas que praticam a idolatria, insultam D’us e outros pecados similares. Sobre estas pessoas está escrito: “Desde que ela denegriu a palavra de D’us e violou Seu mandamento, esta pessoa será duplamente extirpada e seu pecado permanecerá sobre ela” (Bemidbar 15:31). Nossos sábios explicam (Sanhedrin 64b) que a duplicação significa: extirpada neste mundo e extirpada no mundo vindouro. Esta pessoa sofre caret em seu corpo e em sua alma, ou seja: morre com pouca idade e ainda por cima tem sua alma extirpada do mundo das almas, D’us não o permita, não tendo Mundo Vindouro nem ressurreição.
Estes são os principais pontos trazidos pelo Ramban. Aquele que quiser se estender mais, pode analisar as fontes referidas. Antes de terminarmos, é interessante trazer o que o Ramban explica de passagem: os versículos que falam da extirpação das almas são uma prova explícita da vida após a morte na própria Torá escrita, pois a extirpação de uma determinada alma implica que todas as demais continuam existindo para sempre.
O Dormitório é o Santo dos Santos
A Filha de Israel deve entender que, observando esta mitsvá da Pureza Familiar e tudo que está relacionado, ela está introduzindo D’us, Sua presença e Suas bênçãos para dentro de seu lar.
Quando um noivo e uma noiva comparecem perante mim pedindo que oficie seu casamento, dirijo-lhes algumas perguntas, para verificar até quanto eles sabem o que os espera na continuação de sua vida de casados. Eu lhes pergunto: “Vocês estariam interessados em que o Próprio D’us viesse visitar sua casa?” A resposta vem imediatamente: “Lógico”. Então lhes pergunto: “Em que cômodo da casa vocês O receberão?” Eles logo respondem: “No local mais respeitável da casa – na sala de visitas”. Então, eu os advirto que eles estão enganados; não é lá o Seu lugar. Com a boca aberta, eles perguntam: “Então onde?” E eu lhes respondo: “No dormitório de vocês, no espaço que há entre a cama do marido e a cama da esposa. É de lá que sai a abundância de santidade e pureza para todo o lar”. Eles erguem as sobrancelhas e, a partir daí, é possível começar a explicar a ligação entre a Presença Divina e a harmonia no lar judaico, por intermédio da observância da pureza familiar de forma plena.
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